Aprender com as experiências e as boas práticas de pares e outros entes federativos, assim como com os tropeços, é premissa das práticas em Regime de Colaboração. Às vésperas do marco de 100 dias de gestão dos governos que assumiram as prefeituras em janeiro de 2021, o Movimento Colabora Educação investiga Brasil adentro os desafios e as saídas que os gestores educacionais estão adotando para minimizar as consequências da pandemia que marcou 2020 e segue neste ano.
A ideia é olhar especialmente para os Municípios, sensivelmente impactados pelo cenário na gestão da política educacional. Ativar e cultivar vínculos com cidades vizinhas e o Estado é o primeiro passo para iniciar um processo em Regime de Colaboração.
Neste relato, Svetlana Ribeiro, secretária municipal de Educação de Santana do São Francisco, no Sergipe, conta em que condições encontrou a secretaria e os primeiros passos rumo a um modelo de oferta educacional que consiga diminuir o déficit de aprendizagem carregado pelos estudantes de 2020 para 2021. Um processo conduzido em cooperação com o Estado e outros parceiros.
A nossa gestão foi iniciada em 4 de janeiro de 2021. Até então, de acordo com relatos e pequenos registros, todo o acompanhamento das atividades escolares se deu unicamente por meio do WhatsApp. A maioria dos nossos professores tem pouca maturidade tecnológica. [Durante a pandemia] o calendário escolar foi reformulado [pela gestão anterior] e aprovado pelo Conselho Municipal. Não houve adesão ao continuum currícular, logo, seguimos a não adesão e resolvemos finalizar o calendário de 2020, antecipando 15 dias, cumprindo as 800 horas previstas pela lei nº 14.040/2020.
Apesar do cenário, realizamos uma ação para identificar quais alunos tinham abandonado a escola, ainda que virtualmente, e resolvemos convidá-los para um atendimento individualizado por 15 dias. A maioria das famílias colaborou. Então, tomamos todas as medidas recomendadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e recebemos os alunos para o atendimento, na tentativa de evitar ainda mais a evasão. Deu certo!
Finalizamos nosso ano letivo 2020 em 6 de março. Nos dias 10, 11 e 12 deste mês, promovemos um encontro pedagógico virtual, algo inédito na rede. Entendemos que precisávamos perceber a aceitação dos professores. A cada dia tínhamos dois turnos, um painelista em cada, com temáticas bem atuais. Foi um sucesso, tivemos 70% de presença, com direito a assinatura de lista de presença disponibilizada em formulário digital no chat [da plataforma]. A ideia inicial era começar o ano letivo de 2021 no modelo híbrido, porém, com o aumento dos casos de Covid-19 em todo o Brasil, resolvemos continuar com o modelo remoto. Assim, foi elaborado um plano, que contempla a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. O plano é estruturado com o uso do meio que achamos que seria mais facilmente aceito: o WhatsApp.
A última gestão ficou no poder por aproximadamente oito anos. Temos um dos piores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de Sergipe [3,7 nos anos iniciais e 3,2 nos finais]. Atualmente, estou tentando restabelecer a credibilidade do município, fui coordenadora do Ensino Fundamental do Estado. Estou rearticulando as parcerias, não apenas com o Estado, mas também propondo intercâmbio com outros municípios.
No Sergipe temos o programa Alfabetizar pra Valer . Por meio dessa iniciativa, o Estado, em colaboração com os Municípios sergipanos, concretizou ações voltadas à alfabetização de todos os estudantes das redes públicas até os sete anos de idade. Estamos agora realizando processo seletivo de estagiários para atuarem com os professores do 5º e 9º anos [para melhorar o ensino]. Lembrando que fazemos parte do Baixo São Francisco, um local muito vulnerável em vários sentidos. Necessitamos de parceria com o Estado, bem como com o terceiro setor. Acho bem interessante essa rede de apoio e a atuação em Regime de Colaboração.
AGENDA COLABORA
Olhar para a realidade dos municípios e como atores do terceiro setor ou da esfera pública podem apoiá-los neste momento desafiador é urgente. Diversos relatos apontam o Regime de Colaboração como estratégia para enfrentamento dos obstáculos impostos à Educação pela pandemia. Confira publicação com o passo a passo para atuar em colaboração em Estados e Municípios.