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Reportagens Campanha Busca Ativa mobiliza estados e municípios para combater a exclusão escolar out | 2020
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A pandemia de Covid-19 fez emergir questões nunca antes vivenciadas por estudantes, famílias, professores e gestores educacionais. Entre as mais graves está a perda de vínculo entre alunas e alunos e suas escolas – apesar do grande esforço dedicado por educadores de todo o Brasil em meio a essa crise. 

De acordo com a segunda edição da pesquisa  “Educação Não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias”, realizada pelo Datafolha e encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, a falta de motivação com as atividades online chega a 53% dos estudantes entrevistados.

Já em relação ao retorno às aulas presenciais, a pesquisa demonstra que 49% dos estudantes temem não conseguir acompanhar o volume das atividades e 43% tem o receio de não conseguir acompanhar as aulas. Entre os mais pobres, é maior o medo de não conseguir acompanhar o volume das atividades (60%) e o ritmo das aulas (53%).

O cenário é crítico e o risco de aumento do índice de exclusão escolar é iminente, especialmente entre os estudantes em situação de vulnerabilidade social. Para enfrentar o cenário, diversas estratégias devem ser adotadas em planos de retomada pensados por estados e municípios. Nesse sentido, a Busca Ativa Escolar se coloca como método eficaz. 

Em um sentido mais amplo, busca ativa significa identificar, registrar e controlar o acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão. Um esforço que envolve gestores e toda a comunidade escolar para recuperar o interesse de estudantes por sua própria educação.

Esse é o e desafio de uma campanha lançada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Batizada de Busca Ativa Escolar, a proposta é convidar cada município e estado a realizar uma grande mobilização local, com o objetivo de identificar quem não está tendo acesso à educação e tomar as medidas necessárias para garantir o direito de aprender.

Com o mote “Fora da escola não pode, mesmo que a escola esteja funcionando em outros formatos”, a iniciativa conta com o apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e reconhecimento de outros atores do campo da Educação no Brasil, incluindo o Movimento Colabora Educação.

Ítalo Dutra, chefe de Educação do UNICEF no Brasil, lembra que, com a pandemia do novo coronavírus, muitas meninas e meninos não estão conseguindo ter acesso à aprendizagem em casa. Além disso, afirma que quem já estava fora da escola antes da crise precisa ser identificado e levado de volta. “Neste momento, é fundamental engajar cada município e estado para realizar a Busca Ativa Escolar, indo atrás de quem está excluído da aprendizagem e tomando medidas para garantir o direito de aprender, bem como assegurar outros direitos. É esse nosso objetivo com a campanha.”

Ou seja, acima de tudo, é uma questão de direito, mesmo considerando a excepcionalidade da situação atualmente vivenciada.É notório que as redes municipais têm feito um grande esforço no sentido de criar estratégias para garantir o aprendizado dos alunos, bem como fortalecer e manter o vínculo destes com a escola, entretanto, sabemos que nem todos os estudantes estão sendo alcançados. Por isso, precisamos engajar toda a comunidade em campanhas como esta, para garantir que todas as crianças estejam aprendendo, mesmo que a escola esteja funcionando em outro formato que não o presencial”, defende Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da Undime.

Comunicação mobilizadora

Para sensibilizar as redes de ensino e oferecer recursos para que seu engajamento seja efetivo, a campanha lançou o site buscaativaescolar.org.br/campanha. No espaço, é possível encontrar um cardápio de peças de comunicação que podem ser utilizadas gratuitamente e adaptadas por qualquer município e estado. Há também uma seção com orientações e dicas para criar suas campanhas, considerando quatro públicos principais: famílias, escolas, gestão pública e mídia local.